MEDITAÇÕES A PARTIR DO SALMO 19
Euler Sandeville Jr.
São Paulo, 08 de maio de 2016
(Eclesiastes 1.4-7).
O Livro do Eclesiastes, citado acima, parece contemplar a natureza a partir de um enfado, de um conhecimento que se repete longamente, e esse mesmo conhecimento, tomando o lugar da natureza, parece não mostrar uma nova perspectiva. O problema, se ler atentamente o Eclesiastes, não está no conhecimento em si, mas na alma. Esse livro tem um papel peculiar na Bíblia, pois quer mostrar que o conhecimento, o desejo, o fazer humano, sem uma visão clara de Deus, se afadiga com sua busca de compreensão da vida, na inevitável consciência dos nossos sentidos e alegrias.
Para quem entra nessa perspectiva, a repetição do mundo em algum momento torna-se enfado. Não desejaria a ninguém esse enfado, mas geralmente quem contemplar o que ocorre “debaixo do sol” sem ver Quem está acima, ou seja, o Deus vivo, que por seu poder e amor mantém todas as coisas, certamente acabará em algum momento da vida caindo nesse niilismo, ou em um prazer que se esgota sem uma realização mais profunda do seu sentido existencial. O Eclesiastes, em sua beleza poética, nos mostra não a natureza, mas os anseios da alma humana quando não vê a Deus em sua plenitude e verdade.
Mas esta não é a única possibilidade de contemplar a natureza, nem de conhecimento sobre a existência. Ao contemplar a natureza estamos diante de um maravilhoso livro, não só de conhecimentos sobre a própria natureza, e nós mesmos, mas sobre quem é Deus, que a criou. É o que nos mostram vários textos sagrados da Bíblia, como os capítulos iniciais do Gênesis discutidos em outro post deste blog, e o Salmo 19, que pensaremos um pouco aqui.
O Salmo 19 é um cântico, como o são todos os salmos, e é apenas um desses muitos trechos das Escrituras que nos revelam o sentido das obras de Deus. Sua bela poesia é a porta para ensinamentos muito profundos, que expressam a alegria do crente ao contemplar os feitos do Criador.
Esse salmo pode ser dividido em três partes, embora não sejam propriamente partes. É um salmo muito curto e essencial, mas três assuntos são claramente delineados nesse cântico. Na primeira seção do cântico, aprendemos contemplando a natureza criada por Deus, como um livro sem palavras que Ele nos legou. Na segunda, aprendemos ao meditar na Sua Palavra, que nos deixou nas Escrituras. Na terceira, aprendemos na oração, na comunhão com Deus, mas aqui tratarei juntas a segunda e a terceira. Por todas as partes, o que transparece é a alegria de contemplarmos a Deus.
1. contemplando as obras de Deus
2. a Palavra de Deus e a oração